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quinta-feira, 24 de junho de 2010

Questão Militar / Sena Madureira e Simplício Coelho de Rezende

QUESTÃO MILITAR

Na realidade trata-se de uma sucessão de conflitos registrados entre 1884 a 1887, criados pelos embates entre oficiais do Exército Brasileiro e a Monarquia, conduzindo a uma grave crise política que culminou com o fortalecimento da campanha republicana.


Antecedentes

A composição social dos quadros do Exército, que até cerca de 1850 era formada pela elite brasileira, passou a adquirir contornos populares no período, em função: baixos soldos, precárias condições de vida e da lentidão nas promoções na carreira.

Com a vitória na Guerra da Tríplice Aliança (1864-1870), o Exército saíra fortalecido e prestigiado, passando a formar profissionais comprometidos com a corporação.

Estopim 1

A causa imediata da Questão Militar foram as declarações do Tenente-coronel Antônio de Sena Madureira (1836-1889), oficial de prestígio que privava da amizade do próprio Imperador, que em 1883 se opôs ao Projeto de Lei de autoria do Visconde de Paranaguá, que obrigava a contribuição ao montepio dos militares. Por sua atitude, Senna Madureira foi punido.

Estopim 2

Em 1884, Sena Madureira convidou uma das personalidades da luta pelo abolicionismo no Ceará, o jangadeiro Francisco José do Nascimento (o Dragão do Mar, que se recusara a transportar escravos em Fortaleza), a visitar a Escola de Tiro do Rio de Janeiro, da qual era comandante. A homenagem ao abolicionista converteu-se em nova punição para Sena Madureira, que fora transferido para à Província do Rio Grande do Sul..

Essa transferência gerou polêmica no meio militar, levando o Ministro da Guerra, Alfredo Chaves, a proibir os militares de travar discussões através da imprensa. O Presidente da Província e Comandante das Armas do Rio Grande do Sul, General Deodoro da Fonseca, recusou-se a cumprir a ordem, e foi chamado de volta à Corte. A proibição, porém, acabou revogada e o Gabinete que a emitiu, censurado pelo Congresso Brasileiro.

Caso do Coronel Cunha Matos / Piauí

Em agosto de 1885, durante investigações em um quartel no Piauí, o Coronel Cunha Matos descobriu irregularidades que acusavam o comandante de corrupto. Denunciado o fato, Cunha Matos que pertencia ao Partido Liberal, pediu o afastamento daquele official que pertencia ao Partido Conservador. Por essas razões, Cunha Matos foi violentamente criticado no plenário da Câmara dos Deputados e na imprensa, pelo o Deputado Simplício Coelho Rezende do Partido Conservador, que acusou Cunha Matos de conduta covarde durante a Guerra da Tríplice Aliança.

Enquanto isso, no Rio Grande do Sul, Sena Madureira também se manifestou, através do periódico republicano A Federação, que era redigido por Júlio de Castilhos, conhecido por suas idéias republicanas.

Júlio de Castilhos, na direção do jornal A Federação, em setembro de 1886, escreveu um artigo intitulado Arbítrio e Inépcia, que denunciava o modo pelo qual a Coroa vinha tratando os militares, sustentando que o Exército Brasileiro era a única instituição que ainda se mantinha impoluta, num ambiente nacional de ruínas.

Adesão da Escola da Praia Vermelha

A sucessão dos acontecimentos envolvendo o Coronel Antonio Sena Madureira e a polêmica veiculada pela imprensa, culminaram com a manifestação dos alunos da Escola Militar da Praia Vermelha no Rio de Janeiro.

Por não discordar com os fatos e com a sua punição, Sena Madureira havia se desligado do Exército. O General Deodoro, por sua vez, tinha sido exonerado e transferido para o Rio de Janeiro.

Na chegada de ambos ( Antonio Sena Madureira e Deodoro da Fonseca ) ao Rio de Janeiro, em janeiro de 1887, foram recepcionados e ovacionados como heróis pelos cadetes da Escola Militar.

O poder ciente de que grande parte do Exército apoiava Deodoro, o governo recuou de sua investida contra os militares e, em maio de 1887, deu perdão a Antonio Sena Madureira, Cunha Matos e Deodoro da Fonseca.

· As questões Militares

· Bibliografia da História do Brasil

· CARVALHO, José M. de. Os Bestializados: o Rio de Janeiro e a República que não foi. Editora Cia. das Letras.

· CASTRO, Celso. Os Militares e a República. Editora Zahar.

· SCHULTZ, John. O Exército na Política. São Paulo: Edusp.

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